Práticas culturais (re)constituídas quando aulas de Matemática são mediadas pela internet em um ambiente híbrido

Data
2019-02-25
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UNESP

Resumo

A internet tem sido uma fonte crescente de recursos que podem ser utilizados para o ensino. Pesquisas têm mostrado a contribuição de softwares, vídeos, dentre outros materiais online para o ensino e aprendizagem da Matemática, entretanto é comum perceber que as potencialidades da internet têm sido pouco aproveitadas nas aulas de Matemática. Nesse sentido, a sala de aula caracterizada por sua complexidade, mesmo quando faz uso de recursos da internet mantém práticas de ensino e aprendizagem que expressam culturas socialmente produzidas quando a internet ainda não se fazia presente. Nessa direção, contei com os pressupostos da investigação qualitativa e de um trabalho colaborativo entre mim e as professoras de duas turmas do primeiro ano de escolas públicas estaduais do estado de São Paulo, sendo uma na cidade de Vinhedo e outra na cidade de Nova Odessa: Escola Técnica Estadual (ETEC), para buscar compreender práticas culturais de ensinar e aprender (re)constituídas nas aulas de Matemática mediadas pela internet em um ambiente híbrido. Considerei as características do ambiente híbrido para a condução das aulas cujo estudo sobre o conceito de Função foi o foco em ambas as escolas. Adotei as análises narrativas para expressar a produção do meu conhecimento sobre os dados constituídos nas duas salas de aulas, as quais são vistas nessa pesquisa como comunidades de prática que são sistemas complexos. Assim, meu olhar para os dados foi a partir da Ciência da Complexidade. Os resultados elucidam que as ações docentes são facilitadas pelas potencialidades do ambiente híbrido para atender as necessidades emergentes nas salas de aulas, entretanto nota-se que os modelos blended learning sugeridos para a abordagem pedagógica em um ambiente híbrido não atendem tais necessidades por si só, mas sim a fusão dos elementos de tais modelos, uma vez que a adaptação da sala de aula ocorre a partir de fenômenos emergentes e que se auto-organizam, ou seja, complexos. Com a mediação da internet houve indícios de (re)constituição de práticas docentes de planejar e avaliar, uma vez que as professoras aprendiam enquanto membros dos coletivos de aprendizagem que se formavam a partir das discussões emergentes no Facebook. Por consequência, revisitavam os planejamentos e repensavam suas avaliações. Também houve indícios de (re)constituição nas práticas de estudos dos alunos, uma vez que os estudos sobre o conceito de Função ocorreram sob uma perspectiva mais investigativa em decorrência das potencialidades da internet e os estudantes tiveram mais liberdade em seus processos de aprendizagem com a presença da internet. O trabalho colaborativo contribuiu para que as ações da pesquisa atendessem as emergências das salas de aula. Espero que a pesquisa fomente questionamentos e ações educacionais que consideram a complexidade da sala de aula diante dos impactos culturais que nossa sociedade tem vivenciado devido ao avanço da internet.


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